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Indústria de chocolates está otimista para a Páscoa de 2022

Faltam poucos dias para a Páscoa, que este ano será comemorada no dia 17 de abril. A expectativa da indústria do chocolate, insumo por natureza das comemorações, é ir além das vendas no período anterior à pandemia. O crescimento pode chegar a 20% na comparação com 2019 no caso de uma das fabricantes mineira.

Para o mercado de chocolates, a Páscoa é o grande evento do ano. “De forma ainda mais forte no Brasil, país que celebra estes momentos de conexão entre as famílias de maneira única”, destaca o diretor de Assuntos Corporativos e Sustentabilidade para América do Sul da Ferrero Rocher, Fernando Careli.

A Ferrero está no Brasil desde 1994, quando trouxe o Kinder Ovo, um sucesso no mercado. Três anos depois, inaugurou sua primeira fábrica em solo nacional, em Poços de Caldas, Sul de Minas. Com 400 funcionários, é a única da indústria, até o momento, no País. A empresa tem outras duas plantas na América do Sul, no Equador e na Argentina.

“Esta será a primeira Páscoa com o comércio reaberto desde o início da pandemia, o que é um atrativo a mais para os lojistas e consumidores, que passaram os últimos dois anos com lojas fechadas e/ou com entrada restrita. Este fato, por si só, deverá garantir um volume de vendas maior dos produtos, independente de seus valores”, deduz Fernando Careli.

“A expectativa é sempre ultrapassar os registros de vendas do ano anterior. Para isso, em 2022, reforçamos a aposta em marcas que vêm ganhando cada vez mais presença nos lares brasileiros, incluindo Nutella, Ferrero Rocher e Kinder Ovo”, completa o diretor.

A Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Amendoim e Balas (Abicab) ainda não fechou os dados do setor no ano passado, que serão divulgados nas próximas semanas. Pesquisa encomendada pela entidade ao Instituto Kantar mostra, porém, que a indústria de chocolate produziu 511 mil toneladas de janeiro a setembro de 2021, um crescimento de 44%, quando comparado com o mesmo período de 2020. “A perspectiva é que o setor feche esse ciclo com um resultado bem relevante para o segmento”, diz o presidente da Abicab, Ubiracy Fonseca.

Em 2020, ano em que tudo fechou e o comércio de chocolates se valeu das mídias sociais e do delivery para sobreviver, o setor apresentou um incremento de 2,4% em comparação com o ano anterior, representando um montante superior a R$ 11 bilhões, valor estipulado pelo consumo doméstico. Foram produzidas então cerca de 8,5 mil toneladas de ovos e produtos de Páscoa.

Setor se adaptou 

Para se adaptar a clientes em isolamento social, a indústria do chocolate se reestruturou rapidamente e investiu ainda mais em seus canais de venda on-line, parcerias com marketplaces e aplicativos de entrega para venda de seus produtos. Respondeu assim a um novo comportamento dos brasileiros relacionado ao consumo de chocolates.

Se antes a categoria era conhecida por um consumo representativo fora do lar (42% em valor), hoje, a penetração de 58% do chocolate é puxada pelo consumo dentro de casa, mostra a pesquisa do Instituto Kantar. De acordo com o estudo, a categoria dentro do lar é responsável pelo consumo de mais de 1,1 bilhão de unidades, representando crescimento de 27% comparado com o mesmo período de 2020.

O setor vê com bons olhos esta nova realidade. “A inclinação significativa do consumidor em testar o e-commerce e os serviços de delivery desde o começo da pandemia, é um hábito que deve ser mantido no pós-pandemia”, analisa Fonseca.

Custos aumentaram

Segundo o presidente da Abicap, o preço do chocolate, em geral, é impactado por diferentes fatores. O cacau, o açúcar e o leite, por exemplo, assim como a variação do dólar, contratações, distribuição e impostos, também influenciam na formação do preço. No caso dos ovos de Páscoa, há de se considerar um processo de produção de alta complexidade, custos de embalagem, armazenagem e logística.

Fonseca espera que a imunização e a reabertura do comércio tragam de volta o consumo compartilhado entre amigos e família. “Podemos esperar das indústrias uma ampla variedade de produtos para o atendimento dos diversos perfis e necessidades dos consumidores, incluindo diferentes sabores e opções de tamanhos, linhas zero lactose, zero açúcar, amargo, meio amargo, ao leite e, claro, aposta em embalagens para presentes”, conclui.

Lalka estima crescer 20% sobre 2019

As indústrias estão sempre procurando trazer novidades e inovações para seus consumidores, acompanhando muito de perto a evolução do perfil do público-alvo para atender suas preferências e necessidades. É o caso da Lalka, empresa mineira de chocolates que vai fazer 97 anos de atividades este ano.

Seu fundador, o polonês Henryk Grochowski, criou a fábrica em 1925, no bairro Floresta. Hoje, a Lalka conta com uma rede de 15 lojas e três pontos de venda, sendo cinco unidades fora de Belo Horizonte. O neto de Henryk, Roberto Grochowski, diz que a Páscoa é um evento importante, mas concentra todas as vendas em uma semana. Ao contrário de dezembro, quando, segundo ele, se vende chocolate do primeiro ao último dia do mês.

A pandemia foi um desafio, em que as vendas foram sendo recuperadas ano a ano. Em 2020, com tudo fechado e trabalhando de portas fechadas pelo WhatsApp, a Lalka vendeu 60% do que havia vendido em 2019. Já em 2021, com meia porta aberta, o volume de vendas aumentou para 80%. “Para este ano, como tivemos um Natal muito bom, pretendemos superar os números pré-pandemia em pelo menos 20%”, espera Grochowski.

Neste quase um século de existência da marca, a estratégia na Páscoa é sempre produzir 15% a mais do que no ano anterior. Mas sem embalar. O produto fica semipronto e, se precisar, vai sendo embalado. “A gente faz em cima da hora, já que o nosso produto não tem conservante. Estamos começando a produzir os ovos maiores agora”, conta Grochowski.

A Lalka tem no portfólio ovos de até 30 quilos – antigamente muito procurados por quem queria doar a alguma instituição ou “pelos loucos de amor que queriam impressionar a namorada”, conta. Mas os ovos gigantes já não vendem tanto; os campeões de venda são aqueles em torno de 300 gramas.

Os que fazem mais sucesso são baseados em chocolates da marca, como o “Quadradinhos finos”, de chocolate ao leite com castanha de caju na massa, ou o que junta quatro produtos num ovo só. A delícia tem uma casca de chocolate ao leite com casquinha de laranja, a outra banda com castanha de caju e, por dentro, bombom de licor e bala de maçã.

Os preços dos insumos subiram. Só para ter uma ideia, a caixa de papelão que custava R$ 3 antes da pandemia, agora não sai por menos de R$ 11. “O cacau é cotado em dólar, mas se o dólar cai, o preço do cacau continua alto. Mesmo assim, e por incrível que pareça, estamos segurando os preços há um ano e meio. Se tiver algum aumento na Páscoa, será de no máximo de 5%”, garante o empresário.

Hoje a Lalka produz 2.500 toneladas de chocolate por mês, além da mesma quantidade de balas. As famosas balas de maçã já estão ganhando outros mercados, sendo exportadas para os EUA e Canadá. “O mercado está pedindo produtos diferenciados. Muita gente descobriu que era alérgico a leite, por exemplo”, revela Grochowski, citando variedades que vão além do chocolate ao leite, como os produtos sem lactose, dietéticos e veganos.

Quem aposta nestes segmentos específicos é a bióloga Luiza Santiago, que encontrou seu caminho na química do chocolate. Ela fez dezenas de cursos na área para criar a Kalapa Chocolates, onde é fiel ao conceito “bean to bar” (do grão à barra), em que ela acompanha todo o processo: do produtor rural – no caso um assentamento agroecológico na mata atlântica baiana – até a embalagem e distribuição do produto final.

“É um processo de valorização da cadeia de produção e de controle da própria qualidade do produto”, define a “chocolate maker”, como são chamados os profissionais que, como ela, são responsáveis pelo processamento do chocolate desde o cacau até o produto final.

O processo é tão cuidadoso que Luiza teve seu produto classificado em segundo lugar no Prêmio CNA Brasil Artesanal de 2021 e foi destacada pela Forbes Brasil como uma das 100 mulheres mais poderosas do agro nacional. A lista traz o nome daquelas que, a partir do campo e também das cidades, estão deixando a produção de alimentos e também de bioenergia cada vez mais sustentável, transformando diferentes segmentos do setor.

A produção dos chocolates Kalapa segue o roteiro ditado pela sustentabilidade socioambiental, hoje reivindicada pelos mais exigentes consumidores do planeta. “O mercado está receptivo e as expectativas são muito positivas”, conta a empresária que, além de cremes, barras e nano lotes de chocolate, faz ovos de Páscoa desde 2018. No ano passado, ela comercializou 350 ovos de 220 gramas. Para a Páscoa deste ano, espera no mínimo dobrar a produção.

Os ovos “sensoriais”, como os define Luiza, misturam produtos brasileiros como maracujá, coco, mandioca, cupuaçu ou castanha baru ao chocolate baiano. “São todos veganos e orgânicos. Não usamos nada de origem animal”, explica Luiza Santiago. “Nossos chocolates levam novas sensações para as pessoas, são algo que elas não experimentaram antes e que expande seus sentidos”, garante.

Via: Diário do comércio por Bianca Alves

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